quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Capitulo 1


O coração batia forte e rápido, os passos apressados comiam metros com fúria e fome. O peito arfava com o esforço, subindo e descendo rápido. "Não, não agora". Se jogou no banco de uma praça que acabou entrando sem perceber. As nuvens cuspiam raios incandescentes e o parque estava vazio. Reclinou a cabeça e fechou os olhos ao sentir as primeiras gotas pesadas. Logo já distinguia o barulho da chuva em tons diferentes. Mais grave e curto na grama. Alongado e plástico sobre o paletó. Oco e macio sob a pele. Frio e reverberante na pedra do banco.

- Moço, seus cigarros!

Samuel levou provavelmente o maior susto da vida. Se ajeitando no banco viu o que não esperava.

Achou que ia ver aquela linda garota de ar gótico de antes. Mas era ela e algo mais. Ali parada havia mais que uma garota de olhar esmeralda. No momento que percebia isso, essas esmeraldas faiscaram.

- Han... Obrigado...

- O que aconteceu cara? Você achou que a gente ia roubar você?

Ela disse isso e assumiu uma postura um pouco mais defensiva. Só agora percebera que estava sozinha.

- Não, eu só... – encarava as pontas de suas botas – tive que...

“Que fofo, ele é tímido, não perigoso” pensou ela.

- Já que você ia me dar o maço, acho que posso fumar mais um com você, não é? – nem ela acreditava que disse isso, já podia ver Milla sussurrando no seu ouvido: “Jett, esse cara é horrível, meu”. No outro instante se viu empurrando a amiga pra longe.

- Claro, faço questão... Se a chuva deixar a gente sequer acender o isqueiro... Tem um café ali, vem, eu pago, imagina, eu insisto. - Não sentia que era mesmo dizendo aquilo.

Era uma caminhada de dois ou três minutos, e a chuva engrossava ainda mais. A garota vestia apenas meias compridas e listradas de vermelho e branco pelos braços e o vestido. Além de uma bota enorme. Samuel tirou o casaco e jogou nos ombros dela.

Ela recuou e percebeu que não devia ter se sentido assim. Mas achou estranho, não estava acostumada a gracejos. Normalmente a maioria dos homens que saia acabavam bêbados se mostrando pra suas amigas. Sentiu-se estranhamente reconfortada com aquilo. Sorriu e disse baixinho:

- Obrigada.

O coração de Samuel quase parou.

Capitulo 1


Quando empurrou as portas de vidro do consultório chique, Samuel deu de cara com um clima pesado. Nuvens negras pairavam sob sua cabeça e coração naquela tarde que prometia ser chuvosa. Ajeitou seu casaco por sobre os ombros e passou a andar devagar pela calçada. A certa altura puxou um cigarro de seus bolsos.
- Ai moço, me dá um cigarro?
Samuel perdeu a razão do caminhar. Encarando-lhe havia longos cabelos negros rajados de vermelho emoldurando um rosto pálido e desvirginado em luxuria e maquilagem. Lábios finos escondiam um aparelho dental de borrachas rosas. Olhos verdes faiscantes gritando esmeraldas encaravam-no dentro da alma. Por um momento, estivera fora de si.
- Claro. - A voz dela era rouca e lenta, “cremosa” aos ouvidos de Samuel, e quando ela sorriu...
Estendeu o maço ate ela, que esbarrou em seus dedos pra puxar um dos cigarros. Samuel sentiu a neve aos primeiros raios de sol do verão. Precisava sumir dali,
mas ali era seu ponto de ônibus!
Deixou o maço com a moça e saiu em disparada, a ouvindo chamá-lo pra lhe devolver. “Não posso” pensava ele.

Regenese


Capitulo 1
O gatilho

-Têm conseguido sonhar, Samuel?
O psicólogo levou um olhar fulminante que não esperava. Sorriu sem graça e se ajeitou na poltrona.
- Ainda não... E não vejo a importância disso.
- Sr. Samuel. O sonho é a maneira que o cérebro usa pra organizar o que aprendeu durante o dia e descansar. Não sonhar nunca é bom. Talvez seja por isso que o senhor tem se sentido assim...
- Eu não sonho desde sempre doutor, e só tenho me sentido assim há pouco tempo.
- Talvez o senhor tenha, na verdade, sonhado desde sempre, mas não se lembre. Você nunca teve a sensação de acordar sem saber onde está, ou lembrar-se de coisas que não parecem ser suas memórias...
“O tempo todo” pensou Samuel. Se aquele homem soubesse, sairia dali numa camisa de força, com toda certeza.
- Não é que não lembre, doutor, é não sonhar mesmo.
- Como o senhor pode ter tanta certeza?
Nesse momento o relógio fez seu clique característico, mostrando que os cinqüenta minutos de Samuel haviam terminado. O doutor o viu se levantar rápido. Ele não gostava das sessões, sabia disso, mas havia ali um problema que deveria ser solucionado, de alguma maneira, sabia que Samuel precisaria de ajuda. Só não sabia ainda que tipo de ajuda.
- Sabe, Samuel, posso lhe dar mais alguns minutos...
- Obrigado doutor, eu tenho mesmo que ir, mas tem sido bom conversar com você.
Sabia que era mentira, ele odiava as sessões. Não estava indo bem no trabalho e isso se tornou uma exigência do seu chefe.
Deram as mãos e ele partiu, deixando um sorriso amarelo e forçado para a secretaria.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

O começo do fim


Andando por ruas vazias e fedorentas, Jhooney sempre percebe seus pensamentos voltados á mesma direção, ao mesmo tempo que uma sombra de preocupação per passa por sua face, pois ela não deve se deixar devanear, simples segundos em sua própria mente podem lhe custar a vida. É sempre assim por aqui, num instante você está vivo, no outro já não mais. Sobrevivência está em falta no mercado.